terça-feira, 8 de março de 2011

Educação indígena


Hoje, através de diferentes estudos, principalmente em relação a relíquias encontradas em Xingu, sabe-se que os índios já estão aqui há mais de 1.500 anos. Foram eles que “construíram” a Amazônia que os portugueses encontraram aqui no Brasil. Antes de meus estudos tinha aquela visão, que muitas pessoas tem, de que a Amazônia era uma natureza selvagem, intocada, quando os portugueses chegaram. Percebi que temos muito a aprender com os índios sobre técnicas de cultivo e reflorestamento sustentável. Afinal, o que era lenda virou ciência: aqui já havia um centro de civilização complexo.
Os índios sofreram muito no período de colonização, pois houve a violência bruta e simbólica. A primeira quanto à escravidão e a segunda relacionada ao ensino. Muitos índios morreram com o processo de colonização.
Nos estudos, achei interessante afirmações de que os indígenas jamais se aculturaram. Precisamos ter claro a diferença entre identidade étnica e aculturação, que está relacionada à ideia de que aqui no Brasil haveria uma população unida pela cultura e tradição devido ao domínio do território. Faz-se necessário a recuperação da identidade.
Na constituição brasileira de 1988 os indígenas são tratados como povos e não sabia que havia uma discussão em torno desse sentido. Precisamos valorizar os indígenas, com sua contribuição histórico-social.
A insistência em tornar o índio um adulto civilizado persiste em muitas partes da nossa história. Em 1973, no Estatuto do índio, continuava-se com a ideia do índio como órfão. O Estado entendia a orfandade como regressiva, visando à civilização.
O processo de evangelização e educação partia das crianças e visava à purificação do corpo. Somente a partir a metade dos anos 70 programas para a escola indígena são discutidos e criados com uma visão transformadora.
O CTI (Centro de Trabalho Indigenista) em 1982 foi um importante marco para avançarmos os estudos em relação à Educação Indígena. Contrataram pessoas para alfabetizar os índios krahô e buscavam recuperar a cultura deles. Consideravam importante o índio saber do que antes era conhecimento apenas do branco.
Muitas ONGs também surgiram e contribuíram nesse processo e o que não imaginava é que essas ONGs que iriam fazer toda a diferença. Partiram da ideia de modificar radicalmente a escola tradicional. Foi um processo muito interessante em que os professores passaram a morar nas casas indígenas, a escola tinha características de construção parecidas com as deles, a escola não só passava conhecimentos do alfabeto e matemática, mas também conhecimentos necessários para o dia a dia.
A Escola Indígena procurou se adaptar às características da vida indígena. Mas muito ainda se tem a fazer, por exemplo, possibilitar mais acesso ao mundo letrado.
Somos todos diferentes e precisamos ser respeitados! Temos direito a uma educação de qualidade!
Paola Souza
Referência:
MORAES, Mara Sueli Simão; MARANHE, Elizandra Andre; (Orgs). Coleção Unesp: Educação de populações específicas. São Paulo: Unesp, Pró Reitoria de Extensão, Faculdade de Ciências, 2009, v.3.

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