quarta-feira, 9 de março de 2011

Questões de gênero e diversidade sexual na escola

Como educadores precisamos repensar sobre como as questões de gêneros estão sendo trabalhadas na escola, muitas vezes até de forma inconsciente. Esperando atitudes mais “femininas” das meninas como quietinhas, caprichosas e dos meninos “relaxo”, por exemplo. Ou mesmo distribuindo papéis coloridos em tons de rosa somente para as meninas.
As normas, os valores, as ideias e as concepções são construídas socialmente. Portanto, aprendemos a ser femininas, por exemplo.
Na sociedade encontramos muitos critérios sexistas, como mulheres voltadas para maternidade, cuidados domésticos, cor rosa, danças, brinquedos e brincadeiras calmas e comportadas. Já os homens para o esporte (judô, basquete, futebol, por exmplo), o ato de dirigir, fazer sexo novo e com variedade, brincadeiras que envolvam mais força, luta e corrida; cores “masculinas”, principalmente o azul. Reproduzindo assim estereótipos que podem acompanhar as pessoas por uma vida inteira.
Infelizmente, podemos encontrar esses critérios até em livros didáticos. O que nunca tinha reparado.
Na escola precisamos de mais debates, discussões sobre gênero e sexualidade, pois nela acontecem inúmeras relações interpessoais que cabem reflexão, podendo assim contribuir para uma boa formação da identidade de cada um.
Paola Souza
Referência:
MORAES, Mara Sueli Simão; MARANHE, Elizandra Andre; (Orgs). Coleção Unesp: Educação de temas específicos. São Paulo: Unesp, Pró Reitoria de Extensão, Faculdade de Ciências, 2009, v.4.

Educação Ambiental


Vários assuntos em relação ao meio ambiente estão em pauta na atualidade, como aquecimento global, reciclagem, falta de água, etc. Os temas ambientais hoje, estão ocupando espaço na mídia em todos os lugares do mundo e precisa aparecer mais nas escolas.
A Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, em 1987, definiu o desenvolvimento sustentável como aquele que “satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Faz-se então necessário uma reorganização da sociedade, buscando maior eficiência nos processos produtivos, por exemplo. A educação sendo um processo contínuo de desenvolvimento precisa urgentemente cumprir o seu papel, vislumbrando um planeta mais sustentável.
A educação ambiental aparece como uma dimensão da educação que visa mudança de hábitos e comportamentos, diminuindo o impacto negativo do homem na natureza. Não se trata do ensino de ciências ou ecologia, mas sim de um ensino voltado para sustentabilidade, que contribua na formação de cidadãos críticos, capazes de refletir, questionar e se posicionar diante de situações do dia-a-dia que lhes dizem respeito; para que se busquem realmente mudanças que resultem na qualidade de vida de todos.
O professor tem amparo legal para se trabalhar com a educação ambiental. O que ele precisa é ter disposição para estudar e dominar conhecimentos, que muitas vezes não foram adquiridos na formação inicial, desenvolver habilidades de pesquisa, ter acesso a diferentes fontes de consulta, apoio da direção e comunidade e disposição dos alunos para se trabalhar com o tema.
Também é necessário superar a fragmentação dos saberes, a educação ambiental trabalhada na transversalidade se torna mais real. Proporciona uma ampliação dos conhecimentos, através da reflexão contextualizada.
A seleção do tema deve ser de interesse coletivo para proporcionar maior diálogo e participação de todos. Pois como Saviani (1992) diz, só se aprende quando se adquire um habitus, uma disposição permanente. Assim, os alunos precisam estar realmente envolvidos na construção e execução de um projeto, por exemplo.
Para as atividades serem executadas, podendo estar vinculados a projetos ou não, predispõe-se de um planejamento pedagógico bem organizado, porém flexível, para atender às necessidades da turma durante o processo.
Segundo Débora Menezes para a revista Nova Escola, “mais do que comemorar datas, como o Dia da Água, a escola deve envolver professores, alunos e comunidade em projetos amplos”. Muito mais do que a ação em si, como também é plantar uma árvore para comemorar o Dia da Árvore, é explorar o impacto da falta de água e o desmatamento na cidade, por exemplo.
Hoje, algumas escolas montam uma horta, mas depois não a mantém. Outro exemplo é separar o lixo na escola e depois não dar um fim adequado a ele. O que adianta aqueles latões coloridos para reciclagem (amarelo para metais, verde para vidro, azul para papel e vermelho para plástico) se depois um funcionário junta tudo no mesmo lixo e muitas vezes nada acaba sendo destinado à reciclagem? Será que os alunos compreendem para quê e por que se recicla o lixo? Que impacto o lixo tem causado nos arredores da sua própria escola? Do seu bairro?
Para se trabalhar com educação ambiental, o professor e toda a comunidade escolar precisam vê-la num sentido amplo e não, fragmentado. Um tema ligado à realidade local pode ser um ponto de partida, pois irá despertar mais facilmente o interesse da turma, mas não se deve esquecer de trabalhar num contexto amplo, que aborde questões sociais, políticas e culturais.
Paola Souza
Referências:
SAVIANI, D. Pedagogia histórico crítica: primeiras aproximações. 3. ed. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1992. (Col. Polêmicas do nosso tempo, 40)

MENEZES, D. Em defesa do planeta, NOVA ESCOLA, edição n.202, p. 44-51, mai. 2007. São Paulo: Abril, 2007.

MELO, C. 10 mitos sobre a sustentabilidade, VEJA, edição especial sustentabilidade, p. 42-44, dez. 2010. São Paulo: Abril, 2010.

MORAES, Mara Sueli Simão; MARANHE, Elizandra Andre; (Orgs). Coleção Unesp: Educação de temas específicos. São Paulo: Unesp, Pró Reitoria de Extensão, Faculdade de Ciências, 2009, v.4.

Educação quilombola: portal do MEC

Para que possamos compreender melhor a educação quilombola escolhi o seguinte texto do portal do MEC:

Educação quilombola
Para elevar a qualidade da educação oferecida às comunidades quilombolas, o Ministério da Educação oferece, anualmente, apoio financeiro aos sistemas de ensino. Os recursos são destinados para a formação continuada de professores para áreas remanescentes de quilombos, ampliação e melhoria da rede física escolar e produção e aquisição de material didático.
Levantamento feito pela Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura, aponta a existência de 1.209 comunidades remanescentes de quilombos certificadas e 143 áreas com terras já tituladas.
Existem comunidades remanescentes de quilombos em quase todos os estados, exceto no Acre, Roraima e no Distrito Federal. Os que possuem o maior número de comunidades remanescentes de quilombos são Bahia (229), Maranhão (112), Minas Gerais (89) e Pará (81).
 Estudos realizados sobre a situação dessas localidades demonstram que as unidades educacionais estão longe das residências dos alunos e as condições de estrutura são precárias, geralmente construídas de palha ou de pau-a-pique. Há escassez de água potável e as instalações sanitárias são inadequadas.
De acordo com o Censo Escolar de 2007, o Brasil tem aproximadamente 151 mil alunos matriculados em 1.253 escolas localizadas em áreas remanescentes de quilombos. Quase 75% destas matrículas estão concentradas na região Nordeste.
A maioria dos professores não é capacitada adequadamente e o número é insuficiente para atender à demanda. Em muitos casos, uma professora ministra aulas para turmas multisseriadas. Poucas comunidades têm unidade educacional com o ensino fundamental completo.

terça-feira, 8 de março de 2011

Educação quilombola

As comunidades quilombolas não são resquícios do passado, mas sim parte integrante do nosso país e podemos aprender muito com eles. São exemplos de luta e coragem.
Surgiram  para combater a sociedade e o regime escravista do Brasil. Ocupavam áreas estratégicas, que eram desocupadas anteriormente e que vislumbravam alimentação, segurança e liberdade.
Felizmente, atualmente, comunidades quilombolas recebem apoio de entidades federativas para continuarem suas lutas. Têm acesso a cursos, inclusive de formação à distância, EJA e qualificação tanto social como profissional.
Hoje, estão mais próximas das cidades e vivem de acordo com necessidades impostas pelo meio urbano.
Embora a Constituição de 1998 estabeleça o direito de propriedade de terra aos quilombolas que estão naquela região, muitas vezes, há mais de um século, a luta é bem intensa para que isso se torne realidade. Apenas 6 comunidades do estado de São Paulo receberam a titulação da terra.
Importante considerar que não há educação formal nas comunidades ignoradas pelo estado, que são muitas. A educação se dá de forma informal, onde os mais velhos ensinam aos mais novos o que sabem.
O Projeto Quilombos Vivos parece contribuir no processo de escolarização de muitas regiões.
Normalmente só são atendidos os primeiros anos do Ensino Fundamental, pois o acompanhamento dos poderes públicos ainda é precário e sem continuidade. Poderiam também disponibilizar ônibus para essa população frequentar a escola da cidade, mas isso não acontece.
Compreendi que a organização do currículo precisa atender às características das comunidades quilombolas, valorizando sua história e cultura.
Para isso, faz-se necessário, primeiramente, o professor OUVIR e ambos (comunidade e professor) superar as diferenças; para aí sim construir um material pedagógico que permita interação da educação formal e informal.

Paola Souza

Referência:
MORAES, Mara Sueli Simão; MARANHE, Elizandra Andre; (Orgs). Coleção Unesp: Educação de populações específicas. São Paulo: Unesp, Pró Reitoria de Extensão, Faculdade de Ciências, 2009, v.3.

Educação indígena


Hoje, através de diferentes estudos, principalmente em relação a relíquias encontradas em Xingu, sabe-se que os índios já estão aqui há mais de 1.500 anos. Foram eles que “construíram” a Amazônia que os portugueses encontraram aqui no Brasil. Antes de meus estudos tinha aquela visão, que muitas pessoas tem, de que a Amazônia era uma natureza selvagem, intocada, quando os portugueses chegaram. Percebi que temos muito a aprender com os índios sobre técnicas de cultivo e reflorestamento sustentável. Afinal, o que era lenda virou ciência: aqui já havia um centro de civilização complexo.
Os índios sofreram muito no período de colonização, pois houve a violência bruta e simbólica. A primeira quanto à escravidão e a segunda relacionada ao ensino. Muitos índios morreram com o processo de colonização.
Nos estudos, achei interessante afirmações de que os indígenas jamais se aculturaram. Precisamos ter claro a diferença entre identidade étnica e aculturação, que está relacionada à ideia de que aqui no Brasil haveria uma população unida pela cultura e tradição devido ao domínio do território. Faz-se necessário a recuperação da identidade.
Na constituição brasileira de 1988 os indígenas são tratados como povos e não sabia que havia uma discussão em torno desse sentido. Precisamos valorizar os indígenas, com sua contribuição histórico-social.
A insistência em tornar o índio um adulto civilizado persiste em muitas partes da nossa história. Em 1973, no Estatuto do índio, continuava-se com a ideia do índio como órfão. O Estado entendia a orfandade como regressiva, visando à civilização.
O processo de evangelização e educação partia das crianças e visava à purificação do corpo. Somente a partir a metade dos anos 70 programas para a escola indígena são discutidos e criados com uma visão transformadora.
O CTI (Centro de Trabalho Indigenista) em 1982 foi um importante marco para avançarmos os estudos em relação à Educação Indígena. Contrataram pessoas para alfabetizar os índios krahô e buscavam recuperar a cultura deles. Consideravam importante o índio saber do que antes era conhecimento apenas do branco.
Muitas ONGs também surgiram e contribuíram nesse processo e o que não imaginava é que essas ONGs que iriam fazer toda a diferença. Partiram da ideia de modificar radicalmente a escola tradicional. Foi um processo muito interessante em que os professores passaram a morar nas casas indígenas, a escola tinha características de construção parecidas com as deles, a escola não só passava conhecimentos do alfabeto e matemática, mas também conhecimentos necessários para o dia a dia.
A Escola Indígena procurou se adaptar às características da vida indígena. Mas muito ainda se tem a fazer, por exemplo, possibilitar mais acesso ao mundo letrado.
Somos todos diferentes e precisamos ser respeitados! Temos direito a uma educação de qualidade!
Paola Souza
Referência:
MORAES, Mara Sueli Simão; MARANHE, Elizandra Andre; (Orgs). Coleção Unesp: Educação de populações específicas. São Paulo: Unesp, Pró Reitoria de Extensão, Faculdade de Ciências, 2009, v.3.

Educação do campo: Pedagogia da Alternância


A Pedagogia da Alternância é uma interessante proposta, acredito que talvez  uma das melhores para a educação do campo, tendo visto diversos pontos positivos: escola mais atrativa aos alunos a partir do momento que traz para a sala de aula assuntos da realidade que vivenciam; valorização do campo e do trabalhor rural; melhora na qualidade de vida tanto dos alunos como de suas famílias, mudança na postura do aluno (interesse, participação e compromisso), aulas práticas, etc.
Porém, sem o apoio do governo não é possível a escola do campo melhorar e seus alunos terem condições igualitárias de acesso ao ensino superior.
As oportunidades, realmente precisam ser as mesmas, independente do local onde se encontram. Imagino que poucas escolas do campo apresentam boa estrutura e apoio de empresa privada para realização de oficinas. Muitas ficam a mercê de um governo que disponibiliza pouquíssimos recursos para se efetivar de fato uma educação de qualidade.
Paola Souza

Para conhecer mais, leia também essas matérias sobre a Pedagogia da Alternância publicadas no site da revista Nova Escola:



As matérias trazem inclusive algumas críticas que considero bem pertinentes para serem analisadas.

Educação do campo


Por fatores históricos o homem do campo foi considerado por muito tempo (para alguns, talvez até hoje), incapaz, merecedor apenas de uma educação que lhe oferecesse conhecimentos rudimentares, básicos.
A própria LDB, ainda hoje, não vislumbra o Ensino Superior a essa população.
O processo educativo precisa ser igual ao da zona urbana, afinal todos têm direitos iguais que precisam ser respeitados.
É preciso considerar as especificidades de cada comunidade.
Para oferecer uma educação de qualidade é necessário garantir uma educação voltada para a cidadania.
O homem do campo busca uma educação que atenda às suas necessidades e que respeite o seu contexto socio-cultural. A escola precisa ter como objetivo o reconhecimento do trabalhador do campo, valorizando suas experiências, seus conhecimentos prévios, enfim, sua história.
Assim, como na cidade, o currículo deve ser interdisciplinar.
Também devem ser propostas atividades coletivas, em duplas, etc.
Paola Souza

Referência:
MORAES, Mara Sueli Simão; MARANHE, Elizandra Andre; (Orgs). Coleção Unesp: Educação de populações específicas. São Paulo: Unesp, Pró Reitoria de Extensão, Faculdade de Ciências, 2009, v.3.